Consulado em França alerta para falsas ofertas de emprego
O vice-cônsul português em Marselha alertou para falsas ofertas de emprego em França, disponíveis em jornais portugueses, nos cafés e bares de cidades e aldeias, e que levam pessoas a abandonar Portugal e a cair em situações de emergência social.
Na maioria dos casos, segundo disse Carlos de Sousa à Lusa, as ofertas prometem condições de trabalho que depois não se verificam: alojamento que se revela precário, ajudas de custo que não são pagas, ou salários que os empregados nunca chegam a receber. Mas há também falsas promessas de trabalho.
O vice-cônsul de Portugal em Marselha (Sul do país) disse à que "o que acontece com muita frequência é que as pessoas vão [de Portugal para França] trabalhar depois de terem assinado documentos que nem sabem o que significam".
Depois, "a diferença entre o que é prometido e o que acontece na verdade" leva diversas pessoas a este posto consular, que dá resposta a uma área onde o responsável estima que vivam cerca de 10 mil portugueses.
"São sobretudo subcontratados por outros portugueses que funcionam como intermediários entre os empregados e as empresas francesas. Muitos acabam por aparecer no consulado a pedir repatriamento. Cerca de dois por semana, nos últimos tempos. Mas o repatriamento só acontece em casos extremos, quando a pessoa é indigente e não tem nenhuma família", contou.
Carlos de Sousa diz que estes problemas surgem com mais frequência na construção civil e na agricultura, sobretudo nesta época, de colheita de frutas.
"Tivemos há tempos no consulado uma situação de burla de nove pessoas. O intermediário, português, recrutou-os em Portugal e pediu a cada homem 700 euros para os trazer até França. Depois deixou-os dispersos em vários locais, com a indicação de que uma carrinha iria buscá-los para irem trabalhar. Essa carrinha nunca apareceu", contou.
O vice-cônsul disse, no entanto, que não tem conhecimento de que haja trabalhadores ou famílias a dormirem nas ruas ou em situações precárias: "Na maior parte dos casos, as pessoas que vêm para aqui acabam por arranjar trabalho, se quiserem trabalhar. Mas passam momentos complicados. E o trabalho é sobretudo na construção civil", acrescentou.
"O que era bom", concluiu, "era que em Portugal deixassem de pôr anúncios desse tipo nos jornais. Que se confirmasse a fiabilidade das ofertas, e que as pessoas se informassem antes de sair".
O Governo português avançou, em junho, por todo o território nacional e nos destinos da emigração portuguesa, com a campanha "Trabalhar no estrangeiro", para prevenir a emigração desinformada.
As autoridades portuguesas estimam que, por ano, entre 120 e 150 mil portugueses abandonem o país.
fonte:http://www.jn.pt/P